1. Uma
declaração - É a forma mais comum de começar um texto. Procure
fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.
É um grave erro a liberação da maconha. Provocará
de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle
que ainda exerce sobre drogas psicotrópicas e nossas instituições de
recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
(Alberto Corazza, Isto é, dez. 1995)
2.
Definição - É uma forma simples e muito usada em
parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira
frase ou todo o primeiro parágrafo.
O mito, entre os povos primitivos, é uma
forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais
seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e
não crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos
fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as
formas de ação humana. (ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M. H.P. Temas de filosofia.
São Paulo, Moderna, 1992. P. 62)
3.
Divisão - O autor separa duas, três ideias explicando-as no
parágrafo que segue.
Há ainda no Brasil duas convicções errôneas
sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas
pelo poder público (1), a de que sua superação envolve muitos recursos e
esforços extraordinários (2). Experiências relatadas nesta Folha mostram que uma
divisão combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensos mecanismos
do poder público e ampla participação da iniciativa privada. (Folha de S.
Paulo, 17 dez. 1996)
4.
Oposição - O autor cria uma oposição entre as ideias para
seguir para a argumentação.
De um lado, professores mal pagos,
desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com
computadores, sinais de TV a cabo, impressoras 3D. É esse o paradoxo que vive hoje a educação
no Brasil.
5.
Alusão histórica - O conhecimento dos
principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no
tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.
Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se
os antagonismos leste- oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para
a globalização. As fronteiras foram
derrubadas e a economia entrou numa rota acelerada de competição. Esta alusão
histórica coloca a situação política como muito importante para reverter esse
quadro de crise entre os pólos.
6. Uma
pergunta - A pergunta não é respondida de
imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será
respondida ao longo da argumentação.
Será que é com novos impostos que a saúde
melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do
bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, muitos são
lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar. Esta
questão deve ser enfrentada com otimismo e competência dentro do cenário
público.
7. Uma frase nominal seguida de explicação - Usa-se uma frase com núcleo nominal.
Uma tragédia. Essa é a explicação da própria
Secretaria da Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e
Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano de 2ºgrau submetidos ao Saeb
(Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª
série e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional.
(Folha de S. Paulo, 27 nov. 1996)
8.
Adjetivação - Iniciar uma frase com um adjetivo é a base
para desenvolver um tema.
Equivocada e pouco racional. Esta é a
verdadeira adjetivação para a política educacional do governo. (Anderson
Sanches, INFOCUS, n.5, ano 1, out. 1996. p.2)
9. Citação - A
citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela será retomada.
"As pessoas chegam ao ponto de uma
criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num
bolo de mortos, virarem as costas e irem embora". O comentário, do
fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no
estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo. (DI
FRANCO, C.A. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. 0.73)
ou
Segundo o comentário do fotógrafo Sebastião
Salgado, "As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não
chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as
costas e irem embora". Esse importante fotógrafo fala sobre o que viu em
Ruanda. Isso foi um acicate no estado de letargia ética que domina algumas
nações do Primeiro Mundo. Portanto, o comentário de Sebastião Salgado reflete a
dificuldade dos ruandeses de viverem a beira da miséria.
10. Citação de forma indireta - Esse recurso deve ser usado quando não sabemos
textualmente uma citação. É melhor citar de forma indireta do que de forma
errada.
"Para Marx, a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco:
o marxismo é o ópio dos intelectuais". Mas nos Estados Unidos o ópio do
povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver
de que se trata. (Claudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996)
11. Exposição do ponto de vista oposto - Ao começar o texto com uma opinião contrária,
delineia-se de imediato, qual a posição dos autores. O objetivo será refutar os
argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação.
O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é
fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem
ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária,
ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.
(Orlando Silva Junior e Eder Roberto Silva, Folha de S. Paulo, 5 nov. 1996)
12. Comparação - Para introduzir um tema o autor estabelece comparações.
O tema da reforma agrária está presente há bastante
tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa
comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do
século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos
perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam
elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os
que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil. (OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática,
1991. p.101)
13. Retomada de um provérbio - Sempre
que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um
comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que todos eles trazem.
O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica
com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar
ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não
terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.
(JayneSirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez. 1995)
14. Ilustração - Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema.
O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de
dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida, mas não queria a
criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas.
Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto. O tema é tabu no Brasil. (...)
(A. C. Viana, O quê, edição de 16 a 22 jul. 1994)
15. Uma sequência de frases nominais (sem verbo)
- Aqui as estruturas frasais devem ser semelhantes,
favorecendo o paralelismo.
Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do
Rio. Meia centena de morte numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de
sem-terra em Eldorado dos Carajás. Muitos meses já se passaram e esses fatos
continuam impunes.
16.
Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme - Um resumo da obra serve de introdução para desenvolver o tema da
intolerância religiosa.
Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle
Adjani, ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto
de 1572, as tropas do rei de França, sob ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe
e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da
História. (...) Desse horror a História do Brasil está praticamente livre (...)
17. Descrição de um fato de forma cinematográfica - O parágrafo se desenvolve por meio de flashs, o que
dá agilidade ao texto e prende a atenção do leitor.
Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média.
Choperia Bodega - um bar da moda, frequentado por jovens bem-nascidos. Um
assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola,
23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista. (Josias de Souza,
Folha de S. Paulo, 30 set. 1996)
18.
Omissão de dados identificadores - Cria-se
uma expectativa em relação ao tema.
Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da
juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grades
decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo
filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria
natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade. (O
Globo, 13 set. 1992).
GARCIA,
Othon. Comunicação em Prosa Moderna.
26ªEd., Rio de Janeiro: FGV, 2006.
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